
Mercado de Alimentos Veganos: vale a pena investir?
Uma análise detalhada do mercado vegano
O que é um vegano?
Define-se como “vegano” a pessoa que não consome qualquer tipo de produto de origem animal. Nesse viés, o vegano não está restrito apenas ao âmbito alimentar. À diferença de um vegetariano restrito, o vegano, além de não comer carnes, ovos e laticínios, também não comprará artigos em couro, lã e seda, por exemplo.
O mercado vegano em números
De acordo com o Ibope Inteligência, realizado em abril de 2018, 14% da população brasileira se declara vegetariana. Onde, em regiões metropolitanas, como Rio de Janeiro e São Paulo, este número sobe para 16%. Nessa perspectiva, ambos números já exibem o alto crescimento dos vegetarianos, já que, em 2012, todos os vegetarianos somavam apenas 8% de toda a população.
Para visualizar esta expansão, nota-se que no Google Trends, entre janeiro de 2012 e dezembro de 2017, o volume de buscas do termo “vegano” aumentou em pelo menos 14 vezes, como pode ser visto no gráfico a seguir.
Nesse sentido, essa tendência influencia no aumento de produtos e serviços destinados a este restrito público. Isso pode ser visto, por exemplo, pela demanda de pesquisas de mercado realizadas por grupos como Mintel e Baum & Whiteman Internation Food Consultants. Há exemplos por todos os lados: McDonald’s, Burger King, BRF, Nestlé, JBS, Tyson Foods e Danone que entraram no mercado vegano com produtos, investimentos e projetos em desenvolvimento.
No Brasil, particularmente, já existiam em 2018, 240 restaurantes especificamente veganos e vegetarianos. Sendo que houve um expressivo lançamento de prato veganos e/ou vegetarianos em restaurantes não-vegetarianos (justamente para atender a esta demanda), o que demonstra a pressão realizada por este público sobre o mercado como um todo.
Cenário Mundial do mercado vegano
Nos Estados Unidos, as vendas de alimentos veganos cresceram 10 vezes mais do que o mercado total de alimentos em doze meses – até junho de 2018 se comparado ao ano anterior. Além disso, deve-se ressaltar um elevado crescimento na venda de “leites” alternativos, que subiu de US$ 1,5 bilhão a US$ 5 bilhões entre 2011 e 2016.
Nota-se, por exemplo, que diversas marcas de sorvete estão elaborando produtos sem leite. A notória Ben & Jerry’s, marca comprada pela Unilever, tem investido em novos sabores sem a proteína. Seguindo-se essa vertente, os Estados Unidos já possuem o maior mercado de substitutos da carne animal, mercado este que movimenta até US$ 700 milhões ao ano.
Outro célebre exemplo ocorreu na Holanda com a empresa Vivera (marca de uma das organizações mais avançadas em carnes alternativas). O curioso fato centra-se em que, em apenas uma semana, mais de 40 mil unidades de filés à base plantas foram vendidos, o que levou a que estivessem esgotados na maior rede de supermercados britânica, a Tesco.
Cenário do mercado vegano no Brasil
O Brasil encontra-se entre os 10 países com o maior número de vegetarianos do mundo, segundo a Euromonitor. Neste ranking, a Índia lidera com seus 400 milhões de não comedores de carne. Além disso, ainda seguindo-se o Ibope Inteligência, 60% dos brasileiros afirmaram que consumiriam mais itens veganos, em detrimento dos não-veganos, se possuíssem o mesmo preço.
Uma pesquisa realizada em janeiro de 2017, pelo Datafolha, expressou que 63% dos brasileiros desejam reduzir o consumo de carne. O estudo ressaltou que 73% dos brasileiros se sentem mal informados com relação ao modo com que a carne é produzida. E, além disso, 35% dos brasileiros expressam apreensão de que sua saúde seja afetada pelo consumo de carne. Nesse ínterim, atenta-se ao fato de que o consumidor brasileiro está cada vez mais preocupado por sua alimentação, tal que recorrem progressivamente mais a produtos de origem vegetal.
No Brasil, a Mr. Veggie, especializada em alimentos congelados vegetarianos, saiu de um faturamento de R$ 15 mil em 2009 para uma estimativa de R$ 1,9 milhão até o final de 2016. Nesse viés, a fundadora da marca, Mariana Falcão afirmou: “No Brasil, é forte o consumo de carne, mas já se ouve falar mais do vegetariano. Crescemos mais de dez vezes nos últimos oito anos”.
Além da Mr. Veggie, há o exemplo da Natural Sciencie, em que a marca criou uma linha de suplementos à base da proteína do arroz e ervilha. Isso ocorreu justamente após comprar por R$ 35 mil uma empresa que empregava proteínas animais em sua produção. Sendo que se estima que 60% da clientela atingida seja de consumidores de carne em busca de alternativas mais saudáveis.
Startups
O mercado de produtos veganos (sem qualquer tipo de ingrediente animal) ou vegetarianos (sem carne) apresentou um crescimento atrelado ao incremento do público com maior interesse em alimentação mais saudável. Nesse âmbito, diversas startups elaboraram inovações importantes e atraíram a atenção de empresas interessadas em não perder a tendência.
Em dezembro de 2018, a Unilever comprou a holandesa The Vegan Butcher, que inventou produtos tais como nuggets sem frango. Nessa perspectiva, a Unilever também entrou em acordo com a startup TerraVia para que ingredientes nutritivos à base de algas fossem criados para rações voltadas a animais de estimação, da Nestlé Purina.
E como ficam as grandes marcas?
Um estudo realizado em 2016 da FAIRR (Farm Animal Investment Risk & Return) com 40 investidores do segmento de alimentos que gerenciam US$ 1,25 trilhão em capital, aconselhou 16 empresas globais de alimentos a mudar a forma de obtenção de proteína para os seus produtos. Dentre essas empresas estão: Kraft Heinz, Nestlé, Unilever, Tesco e Walmart, por exemplo.
Do mesmo modo, segundo a pesquisa feita pela empresa Ginger Strategic Research, a estimativa é de que o mercado de produtos alimentícios vegetarianos cresça num ritmo médio de 40% ao ano. Segundo já afirmou João Branco, diretor de marketing do McDonald’s no Brasil: “O nosso objetivo é seguir gostos e necessidades dos consumidores” quando perguntado quanto ao rumo que a empresa seguiria para com essa tendência.
Na Finlândia e na Suécia, o McDonald’s lançou há mais tempo o seu “McVegan” que é elaborado à base de carne de soja. Este sanduíche obteve uma venda acima do esperado, garantindo que se tornaria um item permanente no cardápio em tais países. No Brasil, somente em dezembro de 2018, chegou o “McVeggie”, que possui queijo empanado no local de um hambúrguer comum – sendo vegetariano mas com a opção sem queijo para veganos.
Por outro lado, o Burger King, possui desde 2015 no cardápio brasileiro o “Veggie Burger”. Nele, a carne é trocada por tiras de batata empanada acompanhadas de shiitake e queijo derretido. Sendo que em 2018, a rede Burger King vendeu somente no Brasil, 1 milhão de unidades do sanduíche – uma expansão de 30% em relação ao ano anterior.
Segundo, Ariel Grunkraut, diretor de marketing do Burger King, afirmou: “estamos o tempo todo comprando pesquisas de hábitos de consumo e, com isso, acompanhamos o aumento de interesse por comida vegetariana, vegana e orgânica no Brasil”.
Projeções
Uma pesquisa global disponibilizada pelo site Research and Markets revelou que o mercado de substitutos da carne deve atingir a marca de valia de US$ 6,3 bilhões em 2023. Ou seja, espera-se um crescimento de 35,8% nos próximos anos. Este fato se justifica porque o mercado está apenas acompanhando a crescente demanda dos consumidores por alimentos mais saudáveis. Onde, não haveriam tantos produtos de origem animal inseridos em seus cardápios.
Segundo a Nutrikéo, empresa francesa de consultoria em estratégias alimentares, o mercado de proteínas vegetais, que simbolizava US$ 7,8 bilhões em 2013, superou a marca de US$ 11 bilhões em 2018. Logo, em apenas cinco anos, houve um crescimento de 40% deste mercado.
O principal obstáculo, segundo Juliana Berbert, consultora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, enfoca-se em que a demanda ainda se está consolidando. Nessa perspectiva, é preciso ter precaução para não prognosticar um volume de vendas que não se sustente na prática.
Para o professor Claudio Gonçalves, da FECAP (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), a alta do mercado vegano está diretamente atrelada a ganho de renda. Isso porque esses tipos de produtos costumam ser mais caros do que suas versões de origem animal. Desse modo, para quem tem interesse de adentrar o setor, ele recomenda planejamento e investimento. “É preciso ter capital de giro, já que o retorno não é de curto prazo”.
Por fim, apesar de que no Brasil não se possua um cálculo específico do tamanho do mercado de produtos veganos, a Associação Brasileira de Supermercados afirma que a demanda por produtos veganos ultrapassa a oferta existente. Logo, por meio do estudo de viabilidade, oferecido pela Fluxo Consultoria, o produto vegano de interesse poderá ser otimizado para o seu negócio.
Quer saber mais sobre o desenvolvimento de produtos veganos?
Olá!
Me chamo Renato e sou atleta, necessito de comer bastante carne e frango porém sendo vegetariano isso é impossivel, gostaria de saber se vocês tem algumas opções de carnes vegetarianas.
Desde já agradeço.
Prezado Renato,
Algumas das “carnes” vegetarianas existentes são de soja, de quinoa, de feijão, de lentilha, de grão de bico e algumas vezes serão mixes de leguminosas. O recomendável quando há a transição vegetariana é que haja um acompanhamento com nutricionista. Isso para garantir que outras vitaminas, além da proteína diária não estão sendo negligenciadas.